
Fonte:Tudorondonia
O governador Ivo Cassol (PPS) deu entrevista à imprensa no auditório do Palácio Getúlio Vargas para falar sobre a decisão da Justiça Federal em Rondônia que determinou seu afastamento do cargo, medida revogada por liminar concedida pelo desembargador federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Ao lado da mulher, Ivone Mezzomo Cassol, e do presidente da Assembléia Legislativa, Neodi Carlos Francisco de Oliveira, Cassol falou por quase duas horas. Voltou a repisar que está sendo vítima de perseguição política por setores do Ministério Público Federal e acusou o procurador da República Reginaldo Pereira da Trindade de estar utilizando a instituição para uma suposta vingança pessoal.
Cassol iniciou a entrevista lembrando que, em 2003, no começo de seu primeiro mandato, pediu intervenção federal em Rondônia. “Como as autoridades federais não fizeram nada, entreguei o Estado nas mãos de Deus. Ele não tem me deixado sozinho desde então.Sofro perseguição desde 2003 por parte do procurador Reginaldo Pereira da Trindade, o mesmo que autorizou a extração ilegal de madeira nas terras indígenas. Não sei se é uma questão pessoal ou se ele atende a outras pessoas ou grupos”.
O governador afirmou que logo em seguida a este pedido de intervenção ele descobriu que a maior jazida de diamantes do mundo, localizada na Reserva Roosevelt, em Rondônia, estava sendo roubada e espoliada. “Denunciei o fato aos órgãos competentes e o Ministério Público Federal abriu uma investigação contra mim, acusando-me de contrabando de diamantes”.
De acordo com o governador, ele alertou para a chacina de garimpeiros na Reserva dos Cintas-Largas, mesmo assim, 29 pessoas foram mortas pelos índios, “e a extração continua diante da omissão do Ministério Público Federal”
Ele diz ter denunciei também a extração ilegal de madeira das terras indígenas e afirma: “ Pessoas usando o Ministério Público Federal autorizaram essa extração”.
De forma contraditória, Cassol agora se diz vítima de perseguição por ter “enxugado a máquina administrativa, contrariando interesses políticos”. Antes dizia que a suposta perseguição de Reginaldo teria origem em Rolim de Moura devido a questões envolvendo o registro de veículos do procurador atendendo a uma lei municipal editada quando ele, Cassol, era prefeito.
“ Como ‘eles’ não tinham como me pegar, entraram com uma ação judicial por conta do meu trabalho na Prefeitura de Rolim de Moura. Poderia ter impedido esta ação se tivesse negociado com a Assembléia Legislativa, mas sou o primeiro governador processado no Superior Tribunal de Justiça porque não aceitei negociar. Eu me deixei ser processado”, disse Cassol.
Sobre a Operação Dominó, que atingiu o então candidato a vice em sua chapa, Carlos Magnon (preso e excluído da chapa), e o deputado Neodi Carlos, processado por suposto desvio de recursos, Cassol gabou-se afirmando que as investigações foram desencadeadas graças a ele.
Ao falar sobre o processo de compra de votos nas eleições de 2006, o governador tentou desqualificar as investigações da Polícia Federal, afirmando que o órgão não apurou nada contra ele –mesmo assim seu mandato foi cassado.
Na verdade, uma ampla investigação da Polícia Federal concluiu que Cassol usou o aparato da Secretaria de Segurança Pública do Estado para coagir as testemunhas da compra de votos. O Ministério Público Federal, por sua vez, concluiu que Cassol foi um dos beneficiados diretos dessa compra de votos. O Tribunal Regional Eleitoral se convenceu de que o governador teve participação tanto na compra de votos quanto na coação das testemunhas e cassou-lhe o mandato, assim como já havia feito com o senador Expedito Júnior.
Na entrevista, Cassol defendeu o inquérito ilegal aberto pela Polícia de Rondônia para intimidar as testemunhas e afirmou que o Ministério Público Estadual sabia de tudo, pois acompanhou a inquirição das testemunhas.
Aos jornalistas, Cassol disse que a maior prova de sua inocência no caso da compra de votos é a liminar que obteve no Tribunal Superior Eleitoral para permanecer no cargo. Da mesma forma, brandiu a liminar expedida pelo Tribunal Regional Federal como uma espécie de atestado de inocência e, ao mesmo tempo, de suposta incapacidade do juiz federal em Rondônia que determinou seu afastamento do cargo.
O governador usou a prisão do filho, Ivo Junior Cassol, durante a Operação Titanic da Polícia Federal, para tentar provar que está sendo perseguido pelo Ministério Público Federal. “Por questões pessoais, só para me atingir, chegaram a botar meu filho na cadeia”.
Na verdade, Ivo Júnior foi preso juntamente com o primo, Alessandro Cassol Zabott, o Cebola, pela acusação de tráfico de influência para ajudarem a máfia capixaba a obter isenção fiscal em negócios de importação subfaturada de carros de luxo. Em troca, receberam benefícios de membros da máfia, como ficou constatado nas investigações da PF.
“O que acontece é que tem procuradores no MPF usando o poder abusivamente, mas não vão me amedrontar, pois sou igual massa de pão: quanto mais batem, mais cresço”, se definiu o governador.
Para Cassol, a sua forma de lidar com as assessores é um exemplo a ser seguido pelo MPF. “Comigo, pisou na bola é rua”.
Por último, o governador ridicularizou o juiz federal que determinou seu afastamento e os procuradores que apresentaram o pedido. “Existem em Rondônia várias faculdades de Direito, e tão abrindo mais três bolsas para os que não fizeram direito”.
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