Paciente chegou ao PSM em uma kombi com crise de epilepsia, esperou por cerca de 40 minutos, mas não recebeu atendimento médico
Fonte: Jornal Diario do Pará de Belém
A demanda de pacientes vindos de outros municípios do Pará não seria a responsável pela atual situação em que se encontram os prontos- socorros da capital paraense, segundo a Federação das Associações dos Municípios do Estado do Pará (Famep). “A Prefeitura de Belém comprometeu- se na pactuação de 2008 de que teria condições de receber 40 mil pacientes vindos do interior para internação”, afirma o diretor da Famep, Iran Lima, contestando a justificativa apresentada pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Ele informa que, no ano passado, foram encaminhados 34 mil pacientes do interior para serem atendidos em toda a rede hospitalar de Belém, segundo dados oficiais do Data- Sus. Desta forma, Lima cita um “saldo positivo” de seis mil internações. Ele esclarece, ainda, que Belém recebe recursos do Governo Federal da ordem de R$ 34 milhões por ano para atender essa demanda dos demais municípios do Estado que não dispõem dos serviços de média e alta complexidade oferecidos em Belém. De acordo com o diretor, os pacientes encaminhados dos municípios são aqueles que precisam de atendimentos não existentes no interior, como nas áreas de cardiologia, neurologia e traumatologia. “Muitas questões não podem ser resolvidas no interior, além da infraestrutura, também por falta de profissional”, explica. Ele conta, por exemplo, que em todo o Estado existem apenas 36 neurologistas para atender os 143 municípios. Lima informa que existe ainda uma demanda espontânea – em torno de 40% - da população de municípios vizinhos, que prefere ser atendida em Belém, a qual “não é possível administrar”. Para ele, são atendimentos que poderiam ser realizados no município de origem, mas que o paciente opta por deslocar-se, por conta própria, até a capital.Para o diretor da Famep, a descentralização do atendimento “melhoraria muito a quantidade de pessoas direcionadas para Belém”. Segundo ele, a alternativa seria a construção de um pronto-socorro de urgência e emergência antes da entrada da cidade e outro na região do Baixo Tocantins, este último já aprovado no orçamento do Estado. Além disso, Lima aponta a necessidade de um amplo debate com a classe médica, através de seus sindicatos e conselhos, para trabalhar a fixação dos profissionais no interior, bem como a implantação de uma política estadual de urgência e emergência. Ele cita o exemplo do município de Moju, do qual é prefeito, onde um clínico geral recebe R$ 4.300 de salário para 4 horas diárias de trabalho e os cirurgiões, R$ 13 mil. Na capital, nem com vários plantões o profissional consegue chegar a este patamar. O Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde) compactua com a afirmação da Famep. Carlos Cunha, coordenador de relações de trabalho do Sindsaúde, reafirma que a falta de leitos resultante da grande demanda dos interiores do Estado não é desculpa para a prefeitura não atender os pacientes. Ele reitera o pacto do SUS e o repasse de cada paciente do interior que chega para os prontos-socorros da capital para que seja feito esse atendimento. “Todo paciente que vem do interior com uma via de referência a prefeitura tem obrigação de atender”. De acordo com Costa, o município recebe mensalmente R$ 275 mil para comprar insumos e equipamentos para a área de média e alta complexidade, no caso os dois prontos- socorros da capital. “Não sei como a situação ficou desse jeito, porque nós só temos dois prontos-socorros que atendem essas duas áreas” Costa acredita que se existisse uma gestão plena em saúde, com capacitação e qualificação para os trabalhadores, e também a participação da população, seria possível mudar a crise na saúde de Belém. Ontem, em mais um dia de desrespeito à saúde, o cenário em frente ao Pronto-Socorro Municipal da 14 de Março era de caos. Logo cedo, um senhor foi trazido pela família, do Marajó, em uma Kombi, em busca de atendimento. Segundo a filha do idoso, que não quis se identificar, ele estava com crises de epilepsia e foi encaminhado para o PSM, mas ao chegarem no hospital a resposta não foi diferente. Depois 40 minutos de espera dentro do veículo, um médico afirmou que o hospital não poderia receber o idoso. .>>> Servidores do PSM da 14 são distratados pela Sesma Ontem à noite, um grupo de funcionários do Hospital Pronto- Socorro Municipal (HPSM), da travessa 14 de Março, procurou o DIÁRIO para denunciar uma demissão em massa de funcionários do HPSM. Os nomes dos distratados foram divulgados ontem em um “listão” que os funcionários tiveram acesso. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que não ocorreu demissão em massa e sim distratos de servidores temporários com contratos vencidos desde julho de 2008, mas que não poderiam ser distratados na ocasião dos vencimentos dos contratos por força da Lei Eleitoral. Segundo a Sesma, foram demitidos apenas servidores da parte administrativa, ficando ainda de fora a parte de atendimento médico, que não será comprometida. “Além disso, foram remanejados e treinados servidores efetivos de outras áreas para recompor os quadros administrativos do HPSM, não procedendo, portanto, a informação da existência de setores fechados no hospital”. Até ontem à noite, o Sindicato dos Médicos do Estado do Pará (Sindimepa) não havia sido informado sobre as demissões.CPI - A bancada do PT deve apresentar, hoje, o requerimento que pede a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que vai apurar denúncias de irregularidades no sistema de saúde do município. Na sessão de ontem, a saúde foi tema dos principais pronunciamentos dos vereadores. A instalação da CPI encontra resistência de alguns parlamentares governistas, que contestam os dados apresentados pelo vereador Marquinho do PT, os quais, segundo eles, são incompatíveis com os dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Município (Sesma).
COMENTARIOS:POR ARNOLD FARIAS .Até quando iremos suportar esta situação caótica no setor da saúde em Belém. Concordo com os demais leitores: o Ministério Público faz vista grossa para esta situação vergonhosa para nossa cidade. Quantas vezes mais vamos assitir à reportagens em rede nacional denunciando o descaso da Prefeitura com a população? Falta de recursos não pode ser. A reportagem do Diário mostra bem isto. Talvez o problema seja que estes recursos tenham sido "utilizados" nos "asfaltos-farelo" espalhados pelos conjuntos habitacionais de Belém na época da eleição. Parece que nosso povo não aprende mesmo. Ainda hoje me pergunto como alguém tão incompente como este prefeito pode ter sido reeleito. Com tantas outras opções, o povo preferiu insistir. Talvez já tenha se dado conta da besteira que fez.