quarta-feira, 4 de março de 2009

AMAZONAS - ENTREVISTA COM O SENADOR ARTHUR VIRGILIO








BR 319 Manaus Porto Velho e Caso Cesare Battisti


BR-319:

Tenho muito respeito pela opinião dos que se opõem à recuperação da BR-319. Ainda no ano passado li excelente artigo de Philip M. Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), dizendo que ligar Manaus a Rondônia abriria as portas para a devastação do último grande bloco de floresta intacta na metade ocidental do Estado do Amazonas. É um alerta, sem dúvida procedente. Mas, por outro lado, deve esse receio impedir que Manaus tenha ligação, por terra, com o centro-sul do País? Devemos, supostamente para proteger a floresta, impedir o progresso sempre trazido por uma estrada? Devemos, por isso, manter a situação de pobreza no Estado? Penso que não.

A estrada, aberta ao tempo da ditadura e sem os necessários estudos de impacto ambiental – que na época nem eram objeto de preocupação – só deve ser repensada e reestudada, para evitar ou reduzir muito os possíveis danos ao meio ambiente. Uma solução talvez estivesse em restaurar os trechos inicial e final – para desafogar o transporte em regiões prósperas, como as de Humaitá e Castanho Careiro.


A questão precisa passar por séria discussão, mas a ligação Manaus/PortoVelho não pode deixar de ser restaurada.
caso Cesare Battisti:



Tenho muito boas relações pessoais com o Ministro da Justiça, Tarso Genro, mas entendo ter sido infeliz e mesmo desastrosa sua decisão de conceder refúgio político ao italiano Cesare Battisti, contrariando decisão unânime do Comitê Nacional para Refugiados Políticos (Conare) – para o qual ele não sofre perseguição política em seu país nem foram de natureza política os crimes a ele atribuídos – e a posição da Procuradoria-Geral da República, que classificou de “comum” os crimes pelos quais fora ele condenado na Itália. O Ministro tampouco levou em conta a possível repercussão nas relações entre o Brasil e a Itália. O resultado foi um sentimento de mal-estar no Itamaraty e forte reação do Governo e do povo italianos, a qual já está afetando concretamente exportações do Brasil, principalmente em Santa Catarina. Estou certo de que, embora com boa intenção, o Ministro se equivocou ao ver com a simpatia de quem combateu a ditadura no Brasil o pleito de um suposto perseguido político. Só que a diferença é enorme. No Brasil, Tarso Genro lutava, com razão, contra uma ditadura que perseguia, torturava e matava opositores. Na Itália da década de 70 o regime era – e continua – sendo democrático. A luta dos radicais das Brigadas Vermelhas e dos Proletários Armados para o Comunismo – dos quais Battisti fazia parte – era, pois, contra um Governo democrático. Sequestraram e mataram o ex-Primeiro Ministro e líder da Democracia Cristã Aldo Moro justamente quando ele se aproximava do líder comunista Enrico Belinguer – que se afastara da ortodoxia soviética – num movimento que poderia levar o Partido Comunista Italiano ao Governo. Razão pela qual até se suspeita do dedo da CIA por trás dos supostos radicais de esquerda. A Itália, com leis mais severas, mas sem resvalar para a ditadura, combateu e derrotou os radicais. Battisti, que era um delinqüente comum, convertido, na cadeia, ao movimento radical, fugiu da Itália, mas foi condenado, à revelia, sob a acusação de haver cometido quatro assassinatos. Crimes comuns, não políticos. Preso no Brasil e requerida sua extradição com base em tratado assinado entre o Brasil e a Itália, competia ao Supremo Tribunal Federal decidir se a concedia ou não (o respectivo processo, por sinal, ainda está em curso). Não se argumente ter havido falhas no julgamento realizado na Itália. Não cabe a autoridades brasileiras ou ao Brasil julgar julgamentos de Cortes estrangeiras. Se houve falhas, isso é problema interno da Itália. Nem se argumente também que o Brasil seguiu a tradição de conceder asilo político. Ela não foi observada no caso dos dois pugilistas cubanos que abandonaram a delegação de seu país durante os Jogos Pan-Americanos realizados no Rio de Janeiro. Localizados, o Governo brasileiro prontamente os devolveu à sanguinária ditadura castrista – para sofrerem as conseqüências.
Fonte: Dupará Informaçao e Noticias
Por Arnold Farias
Agradecimentos a
Ary Ribeiro Assessor de Imprensa do Senador Artur Virgilio




Nenhum comentário:

Postar um comentário