Anapu relembra Dorothy Stang, 4 anos depois

Fonte: Diário do Pará

Há quatro anos o pequeno município de Anapu, cuja população não chega a 20 mil habitantes, entrou definitivamente no mapa mundial. Numa manhã de sábado, a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Mae Stang foi assassinada com seis tiros numa estrada do PDS, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança, uma das principais causas defendidas pela freira. Personalidade controversa no município que fica incrustado naquilo que se convencionou chamar Terra do Meio, próximo a Altamira, Dorothy Stang será lembrada hoje com um dia inteiro de homenagens em Anapu. Ontem, a pequena igreja onde a missionária foi velada foi decorada para receber velhos amigos e admiradores de Stang. Sob a coordenação do padre José Amaro, a intenção é que a memória da missionária tão cedo não seja apagada entre os que seguem a mesma doutrina de luta de irmã Dorothy,como era mais conhecida.

Essa doutrina baseia-se na mesma que já fez com que milhares de pessoas morressem na Amazônia ao longo das últimas décadas: terra para pequenos agricultores em detrimento de latifundiários, grileiros e madeireiras ilegais. “Ainda cultivamos esses ideais e sempre iremos honrar a lembrança de irmã Dorothy”, resumiu padre Amaro.No quarto aniversário do assassinato de Dorothy Stang, o tema que será disseminado durante todo o dia de hoje é “povo organizado: direitos conquistados”. Éuma programação que começa logo cedo. Às 8h30, será celebrada uma missa com crisma, presidida pelo bispo do Xingu, dom Erwin Krautler, outro missionário ameaçado de morte. Há pelo menos dois anos, Dom Erwin anda sempre escoltado por um segurança. Depois da missa será servido um almoço no salão Padre Josimo. Às 13h será exibido o documentário “Mataram Irmã Dorothy”, no Planeta Tropical, um espaço idealizado pela própria missionária e que lhe serviu de túmulo, que será visitado pelos presentes no final da tarde. A programação do dia vai ser encerrada com um jantar e umanoite cultural. Em Anapu, palco de violentos conflitos agrários, houve poucas, mas significativas mudanças ao longo dos últimos quatro anos. O município ganhou mais hotéis e pequenas lojas comerciais. Se no ano em que Dorothy Stang foi assassinada a dificuldade de se conseguir uma conexão na Internet era grande, atualmente há vários “cybers” que atraem dezenas de adolescentes. Para eles, a lembrança de Dorothy Stang praticamente não existe. O que não mudou nesses anos foi a dificuldade de acesso a Anapu. A Transamazônica ainda é um desafio a ser superado em época de chuva. A estrada está castigada e o barro costuma atolar carros menos equipados para fazer o trajeto. Mas a principal diferença entre o período em que Dorothy Stang estava viva e o que se vê hoje está nos próprios Planos de Desenvolvimento Sustentável. O PDS Esperança não teve os projetos e planos de manejo aprovados. Quem mora no local vive uma situação de abandono e de espera. Para compensar, outro PDS, o Virola-Jatobá, comemora a aprovação do Plano de Manejo e já começa a planejar a safra de banana e cacau para o ano que vem. Uma pequena vitória para as famílias de colonos. “Uma lição que nos foi deixada por irmã Dorothy”, diz padre Amaro.

comentários:esta pagou com a vida ,tudo o que ela queria era proteger a floresta e ajudar aqueles que não tinham esperança, e o mas inagreditavel e que o mandante e o assassino esta solto e ela esta presa e a justiça ..... esta vira mas a justiça de Deus que esta da terra queria poder da uma rizada para todos ouvir ..